Medidas pós-Brexit na Irlanda do Norte serão adiadas por três meses


Medidas pós-Brexit na Irlanda do Norte serão adiadas por três meses

Um responsável europeu disse à AFP que a prorrogação de três meses será usada para discutir um acordo mais amplo sobre produtos de origem animal e vegatal - AFP/Arquivos

O governo britânico e a Comissão Europeia decidiram ampliar por três meses o período de carência para realizar controles alfandegários aos produtos de carne enviados do restante do Reino Unido para a Irlanda do Norte, informou Londres nesta quarta-feira (30).

“Estamos satisfeitos de termos chegado a um acordo sobre uma prorrogação sensata para as carnes refrigeradas”, afirmou o ministro do Brexit, David Frost, em referência a controversas disposições que deveriam entrar em vigor na quinta-feira e que provocam fortes tensões nessa região britânica com um passado conturbado.

“A Irlanda do Norte é parte integrante do Reino Unido e seus consumidores devem poder desfrutar dos produtos que compraram na Grã-Bretanha durante anos”, acrescentou.

Em Bruxelas, o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, alertou: “Não estamos emitindo um cheque em branco” e “essa solução é de caráter temporário”.

O Executivo de Boris Johnson irritou os 27 países ao ameaçar prorrogar unilateralmente um período de carência para a aplicação dos controles, o que provocou ameaças europeias de represálias, que poderiam incluir tarifas seletivas.

Mas a disputa esfriou nos últimos dias, depois que o governo britânico apresentou uma solicitação formal de prorrogação.

O Reino Unido abandonou formalmente o mercado único europeu e a união aduaneira em 1º de janeiro. Em 24 de dezembro, ambas as partes assinaram um acordo comercial, que inclui um “protocolo” relacionado ao comércio da Irlanda do Norte com o restante do país.

A medida, que impõe controles alfandegários a determinadas mercadorias procedentes do Reino Unido, estava destinada a evitar que produtos não controlados entrassem na UE pela porta dos fundos por meio da vizinha República da Irlanda.

No entanto, as comunidades unionistas da Irlanda do Norte, apegadas ao seu pertencimento ao Reino Unido, se opõem por considerarem que isso as separa do resto do país.

Um responsável europeu disse à AFP que a prorrogação de três meses será usada para discutir um acordo mais amplo sobre produtos de origem animal e vegetal.

“Não temos a intenção de seguir com adiamentos contínuos dos períodos de carência, a Irlanda do Norte merece estabilidade e previsibilidade, e a melhor maneira é ter uma solução permanente, acordada mutuamente nesses três meses”, afirmou.

A Comissão Europeia “será dura” se o Reino Unido não cumprir o acordo do Brexit, acrescentou.

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